quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Il nuevo Senna?

Capa Auto Sprint - set. de 2001

A capa é de setembro de 2001, ano do maior atentado terrorista da história. Nela se vê uma foto da Ferrari  de Michael Schumacher toda sem patrocínios e com o bico preto, uma homenagem de Maranello aos muitos que perderam a vida naquele fatídico 11 de setembro. Foi o ano de mais um campeonato conquistado por Schumacher. E foi o ano que a então jovem promessa, Felipe Massa, sentava pela primeira vez em um bólido de Fórmula 1 para um teste com a equipe Sauber, que era uma espécie de “Ferrari B”.  A revista insinuava que ali estaria o sucessor do grande Ayrton Senna, morto há sete anos então. Sucessor que a grande maioria da torcida brasileira queria e tentou encontrar, em vão, em Rubens Barrichello, que naquele ano de 2001, não conseguiu nenhuma vitória na categoria.


“O novo Senna”.


“O novo Senna”.



 Nestes anos todos após a morte de nosso segundo tricampeão, a grande maioria da torcida procurava um cara para torcer no domingo de manhã. Sim, estes torcedores não eram ligados em Fórmula 1, mas sim assistia as corridas pois eram em Ayrton que elas miravam seus olhares, suas emoções e suas frustrações. Era como que o cara do capacete amarelo os representasse na pista. Vocês acham realmente que não era isto? Bom, quem tiver boa memória vai lembrar que em 1994, na mesma Interlagos de duas semanas atrás, Senna fazia sua estréia na super Williams-Renault e rodara bisonhamente quando se viu em segundo atrás da surpreendente Benetton-Ford de Michael Schumacher (!). Era na entrada da subida da Junção e Ayrton deixa o carro morrer e ficar por ali. A imagem que se vê depois é meio surreal: a torcida (principalmente no setor G) vira as costas e começa a abandonar o autódromo. Acho que não existe imagem que (tirando seu cortejo fúnebre) mostra o quão a torcida “comum” era apaixonada pelo seu ídolo. “Ele abandonou, então foda-se o resto. Não me interessa quem vai vencer...”.
Barrichello tentou entrar no coração deste povo todo de forma forçada, dando declarações que iludiram muito o torcedor comum e prometeu coisas das quais não cumpriu.  Virou motivo de chacota, mesmo sendo um piloto que venceu corridas, fez poles e em algumas ocasiões, bateu Schumacher na pista. Ok, foram raras estas vezes, mas aconteceu. Enquanto Barrichello prometia e não cumpria , Massa passava totalmente despercebido do povão, correndo pela mediana equipe Sauber. Tomou um bilhete azul no final de 2002 e ficou um ano (2003) como test driver rosso, voltando como titular no ano seguinte na mesma Sauber que o dispensara (por exigência da Ferrari que fornecia seus motores) para em 2006, ocupar a vaga “abandonada” por Rubens. Muitos acreditavam que era um contrato “tampão”, pois ninguém sabia se Schumacher pararia ou não e muita gente já dava como certa a ida de Kimi Haikkonen para a Ferrari em 2007. Tempos depois, soube que a Ferrari o preparava para assumir quando Schumacão ou Barrichello estivessem fora. Foi o que aconteceu.


 Em seu ano de estréia na equipe, venceu duas provas, uma delas em Interlagos e mostrou que era do time dos que sabiam. Ano passado, de favorito ao título, ficou apenas em quarto e ainda teve que ceder mais uma vitória em sua casa para ajudar Kimi e sua equipe. Meio frustrante. Este ano, começou mal, mas se recuperou e teve uma briga de foice com Lewis Hamilton, com a final mais absurda de todos os tempos. Soma-se isto a (principalmente) sua postura pré e pós corrida, além de um grande carisma, arrisco a dizer que muitas das pessoas que acompanhavam apenas o Ayrton e outros torcedores comuns nos idos dos anos 90, passaram a ter olhos para Felipe.  Vi comentários after decisão das mais diferentes pessoas. Mulheres que ficaram com pena dele chorando ainda no carro, homens que elogiaram a atuação do “moleque” e que ele é “muito melhor que o Pé-de-Chinello” e por ai vai. Se por um lado, nós  torcedores um pouquinho mais entendidos não suportamos comentários destes comuns (apelidados de torcedores de padaria), por outro a procura pelo produto Fórmula 1 vai ser muito maior, devido justamente a popularidade e o carisma de Massa. Ele não faz promessas, não fica chorando pelos cantos e nem dizendo que é apenas um “brasileirinho”.  Podemos ter ai um “push” para o crescimento do automobilismo nacional, atraindo patrocinadores, novas categorias, público...


Podemos estar entrando novamente numa fase que poucos conheceram, principalmente a moçadinha mais jovem: a de termos todo ano pelo menos um brasileiro disputando verdadeiramente por vitórias e por títulos na Fórmula 1. E isto é um fato que Felipe indiretamente, fazendo seu trabalho diretinho, conquistou. Vamos esperar para ver...


 

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