domingo, 30 de novembro de 2008

20 anos depois... (Parte 4)

(O confessionário de Dona Carmozina.)


Acho quNossa eterna Prof. de Matemáticae nem preciso falar que realmente ela roubou a festa. Claro que foi uma surpresa para todos os participantes do reencontro, mas mesmo seus organizadores não esperavam o que aquela senhora de baixa estatura, óculos e com praticamente a mesma carinha de vinte anos atrás, poderia causar.


Dona Carmozina, nossa eterna professora de matemática, costumava chamar os mais bagunceiros da sala de fedelhos. Conversar na sala enquanto ela explicava algo no quadro negro? Era giz voando na cabeça! O caderno de duzentas folhas, que sempre estava na lista de materiais de começo de ano, sempre era para sua matéria (e o mesmo terminava antes do último bimestre).



Todo santo dia ela conferia se tinhamos feito nossos deveres de casa com um carimbo que era seu "visto", vamos dizer assim,  e punia sem dó nem piedade o "fedelho" que por ventura tenha esquecido ou não tenha feito com o temido Carimbão.


É pequenos, o Carimbão ia em nosso caderno para que nossos pais assinassem e no outro dia, conferido por ela. Ai de quem não mostra-se o maledeto assinado no dia seguinte... Temido carimbão! Sempre pensávamos em sabotar seu Escort vermelho para que ela não viesse no dia seguinte só para nos safarmos!


 


Não, eu nunca falsifiquei um assinatura no carimbão. Era santinho demais para fazer isto. Mas na noite de ontem, tenho certeza que muita gente confessou que fez...


É, Dona Carmozina... Nossa eterna professora realmente foi a atração da noite! E tenho a absoluta certeza que deve ter se divertido muito com as "Confissões de ex-adolêscentes"!


20 anos depois... (parte 3)

(Ainda estou besta...)


Aéreo... Ainda me sinto flutuando depois de tudo o que aconteceu na noite de ontem. Ainda tento colocar todos os pensamentos em ordem, pois difícil descrever o que senti revendo tantas pessoas que há muito tempo nem tinha contato. Voltarei mais tarde para escrever com mais calma, mas segue uma pequena amostra...


Faixa do evento Encontro

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

20 anos depois... (parte 2)

(Onde estaria Wally?)


Está chegando! Mais de um mês de preparação, organização, muitas risadas, lembranças e... Enfim pequenos bligueiros, o MEGA ENCONTRO DO SESI 402, originalmente para os Formandos de 1988 (mas aberto para Formandos de 1987 e também de 1989), acontece neste próximo sábado, dia 29. Muitas surpresas para os participantes que terão que segurar os batimentos cardiacos, pois será uma noite de muitas emoções! Afinal, aqueles adolescentes de outrora, cresceram, alguns casaram, outros separaram e infelizmente, alguns nos deixaram. Mas o que fica mesmo é a saudade que será matada, pois para tantos assuntos que serão conversados, penso que as seis horas e meia que o Praia de Assados nos disponibilizou, serão poucas...


8a. B - Sesi 402 1988


A comissão organizadora ficaria extremamente feliz se todos puderem comparecer e depois comentar neste humilde espaço!


É isto!

Lugares que gosto - Maverick (Limeira-SP)

(Ai, minha cabeça...)


Em um final de semana prolongado, devido ao feriadão, nada melhor que pegar estrada. E nada melhor que ir para o meu recanto anti-stress, que é a cidade de Limeira, SP. Há cerca de 150km de São Paulo, é a "sede" de minha família e local onde eu gosto de levar amigos queridos para um final de semana com churrasco, cerveja, sol, piscina e boas risadas. Só que a cidade não é apenas um refúgio, mas também "dona" de lugares pra lá de interessante, como o Maverick. Lugar muito aconchegante, com a maior variedade de cervejas da região (atenção incautos! Se beber, não dirija hein?), boa música e o tema fantástico, que é uma de minhas grandes paixões: automóveis. Bom... Estão curiosos? Então porque não "dar uma espiadinha" no site? Se estiver com preguiça, tem uma foto da faixada abaixo:


Maverick Bar - Limeira SP


Se estiver perto de Limeira ou Piracicaba, façam um pit-stop no Maverick! De preferência de sabadão a noite! Eu "recomendio"!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Abóbrinhas on line - "Loser Manos"

E ai pessoas? Sei que faz um tempinho que não posto, mas quase não encontro mais tempo ultimamente. O trabalho pode dignificar o homem, mas cansa pra cacete...


Hoje, feriadão, dando uma sapiada no Fórum Downforce, na sessão off topic, me deparo com um texto velhinho, mas que sempre que leio, passo mal de rir... Espero que gostem!


                                                                                                                                                                          

COMO ME FUDI POR COMPLETO NO SHOW DOS LOS HERMANOS

Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas garotas legais, né?

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma garota maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser um. Na verdade, era o C.A. da Antropologia. Uma garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez... Aí, acho que ela me deu um certo mole... Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda hoje à noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar alguma coisa sim sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não me lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish. Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã número 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta dos Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito "vibrão" de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos fininho, de armação escura, grossa e retangular, engraçados até! Depois de uns mil "Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha", finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Uns caras de macacão, óculos e de sandália de pneu e com ar professoral. Pareciam ser legais, "do bem" como eles mesmo falam... Mas que não me deram muita conversa. "Do bem", isso mesmo! Gíria nova... Todos aqui são "do bem". E que nomes tão simples! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington... Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí, acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música: "Quem você gosta em musica?", perguntou.

- "Pô, eu me amarro no George..."

Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: "Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!"

Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de "Seu"! Seu Jorge! Isso é que é fã!

"Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!", ela emendou.

Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison? Essa eu não entendi...

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava. "Eu curtia aquela banda da Bahia...".

- "Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!"

- "Não, Camisa de Vênus! "Silvia! Piranha!" cantei, rindo.

A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: "Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?" Óbvio que não funcionou... Aí, acho que dei um fora...

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles "promovem um resgate da boa música brasileira". "Tipo Os Raimundos com o forró?", perguntei. "Claro que não!", disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque "eles são únicos", apesar de hoje se ter excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luís e a Parede, O Rappa, Ed Motta, Paulinho Moska, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também "Marginalia" ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles... Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já ouvi, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber isso pois quando me mudei o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit "Mintchura". Ainda bem que tudo mudou, né?

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam "Os Irmãos"? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos "Hermanos", ela usou a expressão "do bem" umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba, brasilidade e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição medieval que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado pelo pescoço por uma corrente e por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá... Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo. Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco com a conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda... Cacete! O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: "Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?" Ela disse um "não" esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam "Los Hermanos"! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Tem uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento "Dark", como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de Bauhaus, Sister of Mercy, The Cure, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista "Dark" brasileiro. Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego" ou "O tempo passou na janela é só Carolina não viu". "Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue" ou "Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni". Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!

Tentei reengatar a conversa dizendo que achava o baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada: "Mas ele não é da banda!" Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada...

Depois ela me disse que o cara que ela mais gostava era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: "Os Irmãos"! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento...

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos: "Aí, trouxe umas Coca-colas pra vocês!" Ouvi a seguinte resposta: "Coca-cola? Isso é muito imperialista... Guaraná é que é brasileiro!" Puxa, que pessoal politizado... Isso mesmo, viva o Brasil! "Yankees, go home", rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o "Janelas"? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra caralho, então bebi tudo mesmo sob o olhar meio atravessado de todos eles... fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: "Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!" Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: "Que Weezer o quê? O nome dessa música é "Cara Estranho". Já vi que não gostou de novo... Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles... Só não consigo dizer qual...

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra, pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: "Filha da putaaaaaaaaaa!" Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada na costela que me fez perder o ar! Pô, todo show rola isso! É quase uma tradição até! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho... Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou um cara consciente, tipo: "Aí, Tainasão, se tu quiser, eu tô preparado!", mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera...

O tempo tava passando e nada de eu pegar a minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer sacanagem do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da minha língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Jandaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi: "Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência..." Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É "do bem". É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Que merda...

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: "...e esse mala aí sem camisa..." Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho... E, afinal, o que significa "mala"?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-ariete da Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força do caralho pra achar a porra dessas lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também. Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!

"Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?"

"Que sinal, que sinal?", respondi, assustado.

"Buceta, palhaço!", apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. "Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?", gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada! Parece uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas... (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! "Bento", que nome mais ridículo... Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caralho, que noite infernal. Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase: "Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?" Aí foi demais! Aí, eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera "do bem" que está aqui!"

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco que volta e meia reprisam na tv. "Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro?" "Estamos realmente resgatando a nossa cultura!"? Ei, é só música pop! MÚSICA POP! Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres! Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto: "TOCA ANNA JULIA!" Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsada na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, “Anna Julia” é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o "Seu Jorge" Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me chutar também. Do bem? Do bem é o cacete...

Aí, sinceramente, ainda prefiro o Camisa de Vênus...  

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Site do Demo! Credo!

(Medo do Julgamento final - By Rafael Machado do Fórum Downforce)

Acho que todo mundo deve ter recebido este link e brincado no site do Gênio. "Mas o que seria o site do Gênio", devem estar perguntando os incautos. É um site com um joguinho em que você pensa em alguma personalidade, real ou não, e vai respondendo algumas perguntas. O filha da mãe acerta quase tudo o que você pensa! Se não brincou ainda, clique aqui e entenda o porque este site meio que virou mania.


 

Recordar é Viver: A primeira bligada

Depois de comemorar um ano de Inspire-se de minha amada irmã Keila Caiani (clique aqui!), fiquei curioso em saber a correta idade de meu boteco virtual, já que não lembrava quando comecei com o primeiro Blig do Balbino, ainda no endereço antigo. Fui dar uma fuçada e vi a data do primeiro Post: 04/08/2006. Então, o Blig do Balbino já saiu das fraudas e começa a andar de forma mais sólida e segura! Depois de dois anos, muita coisa mudou em minha vida e no mundo, claro. Mas o amor que sinto por este meu cantinho e a vontade de escrever sempre, aumenta a cada dia. E o mais gostoso é saber que muita gente acompanhou esta caminhada e ainda são leitores fiéis, que sempre contribuem para este espaço, de forma a comentar, enviar textos, criticar, dar sugestões...


Novamente, agradeço a todos vocês pela audiência e pela frequência com que comparecem em meu boteco virtual! E que o Blig do Balbino comemore mais e mais anos de vida, pois se vocês pensam que eu pararia de escrever, para vosso desespero, isto nem passa pela minha cabeça!


-Ahhhh! Dois anos da primeira bligada já?


-Ahhhh! Dois anos da primeira bligada já?


 


Daqui a pouco volto com o Música para o fim de semana!

A Dercy dos animais...

(Alguém ai tem notícias dela?)


Olhando hoje minha caixa de e-mails, recebi um pps (odeio "ppésses") de minha amiga e colaboradora Angela Garcia, sobre como estariam estrelas dos seriados de TV dos anos 50 e 60 quarenta anos depois. Para os clássicos como eu, seriados como Jeannie é um Gênio (Ah, Jeannie...), Os Monstros, Agente 86, Batman (soc! plow! wapt! whan!), foram assistidos nos idos dos anos 80 aqui no Brasil. Deu pena ver a Jeannie (Ah, Jeannie...) quarenta aninhos depois. Mas o que me chamou a atenção é a foto abaixo:


ChitaSim senhores, ela ainda estava viva! Não sabe quem é? É a Chita. A verdadeira! Aquela do seriado do Tarzan do começo dos anos 40 se não me engano. A notícia está neste site espanhol, que a considera o chimpanzé mais velho do mundo, com 74 (virgi!) anos completados em 2006! Teoricamente, se ela ainda estiver viva, estaria completando 76 anos neste 2008. Então, pequenos bligueiros, se tiverem notícias desta verdadeira Dercy do reino animal, postem ai! 

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Inspire-se: um ano

Há um ano atrás, minha grande amiga e irmã Keila Caiani começou a colocar na internet, sua paixão pela escrita. Era o início do blog Inspire-se (http://lifesunscreen.blogspot.com/), onde sua querida proprietária passa para o monitor, seu jeito de enxergar as situações cotidianas da vida, sempre com muita delicadeza e inteligência!


Só poderia desejar muito mais sucesso ao Inspire-se e que ele continue por anos e anos no ar! São os mais sinceros votos deste pequeno e humilde blog!

1314 - Muito obrigado!

valeuFaz mais de um mês que "reabri" meu boteco virtual. Pelo menos neste novo endereço e formato. Há pelo menos um mês, sempre que possível, tento escrever sobre coisas que gosto para dividir com as pessoas que acompanham este espaço. As vezes não dá tempo e passo alguns dias sem postar nada, mas sempre dou uma olhada para verificar se tem novos comentários e como foram as visitas. Hoje, além de postar alguns textos, olhei as estatisticas e fiz uma conta. Besta a conta, mas que me deixou muito feliz: nos ultimos vinte e nove dias, o Blig do Balbino teve um total de mil trezentos e quatorze visitas, com picos de noventa e duas em um único dia! Fiquei muito feliz em ver que as bobagens que  escrevo agrada a alguns internautas e, desde já gostaria de agradecer de coração a todos que acompanham o blig!


MUITO OBRIGADO pelo carinho e (por favor!) continuem acompanhando este pequeno espaço! Comentem e se quiserem enviar criticas, sugestões, elogios ou textos para que eu possa postar, envie para sergio_balbino@hotmail.com.


[]´s

Abóbrinhas on line: Mundo Monocromático

Todo dia eu rodo em torno de 80 kilometros para ir e voltar de meu emprego atual. Pego as avenidas mais movimentadas desta grande São Paulo (Av. dos Bandeirantes, Marginal Pinheiros) e o começo de uma auto estrada (Rod. Castelo Branco). O trânsito pesado nem é a novidade e nem vou comentar o tempo que se perde dentro de um automóvel todo santo dia. Mas um dia me assustei pois achei que não estava enxergando direito. Em um momento na Castelo Branco, eu só via carros pratas e pretos. Durou pouco mais de, sei lá, dois três minutos mas fiquei besta em ver como o brasileiro não tem criatividade. Compram carros não que tenha algo a ver com eles, mas pela moda, pelas cores do mercado. O alguém ai já vê todos os dias carros amarelos, vermelhos, verdes... Nada! O que manda é ser prata ou preto. Um dia, no mesmo trecho da Av. dos Bandeirantes eu ví cinco Civics que eu jurava ser o mesmo carro, mas não eram. E um momento eu achei que era desfile de Civics... Prata claro...


Onde está a criatividade do povo? Porque não escolher cores que gostam? O meu carro atual é branco, cor totalmente descriminada em São Paulo por ser a oficial do taxista. Piadinhas de gosto duvidoso claro que vieram e o apelido de meu pequeno automóvel é taxi.


Não acredita neste das cores? Então olhe abaixo e conte quantos carros pretos e prata vocês vêem nesta foto (que tem um total de trinta e cinco carros - não contei as motos).




Assustou? Pois é... Eu também...

Il nuevo Senna?

Capa Auto Sprint - set. de 2001

A capa é de setembro de 2001, ano do maior atentado terrorista da história. Nela se vê uma foto da Ferrari  de Michael Schumacher toda sem patrocínios e com o bico preto, uma homenagem de Maranello aos muitos que perderam a vida naquele fatídico 11 de setembro. Foi o ano de mais um campeonato conquistado por Schumacher. E foi o ano que a então jovem promessa, Felipe Massa, sentava pela primeira vez em um bólido de Fórmula 1 para um teste com a equipe Sauber, que era uma espécie de “Ferrari B”.  A revista insinuava que ali estaria o sucessor do grande Ayrton Senna, morto há sete anos então. Sucessor que a grande maioria da torcida brasileira queria e tentou encontrar, em vão, em Rubens Barrichello, que naquele ano de 2001, não conseguiu nenhuma vitória na categoria.


“O novo Senna”.


“O novo Senna”.



 Nestes anos todos após a morte de nosso segundo tricampeão, a grande maioria da torcida procurava um cara para torcer no domingo de manhã. Sim, estes torcedores não eram ligados em Fórmula 1, mas sim assistia as corridas pois eram em Ayrton que elas miravam seus olhares, suas emoções e suas frustrações. Era como que o cara do capacete amarelo os representasse na pista. Vocês acham realmente que não era isto? Bom, quem tiver boa memória vai lembrar que em 1994, na mesma Interlagos de duas semanas atrás, Senna fazia sua estréia na super Williams-Renault e rodara bisonhamente quando se viu em segundo atrás da surpreendente Benetton-Ford de Michael Schumacher (!). Era na entrada da subida da Junção e Ayrton deixa o carro morrer e ficar por ali. A imagem que se vê depois é meio surreal: a torcida (principalmente no setor G) vira as costas e começa a abandonar o autódromo. Acho que não existe imagem que (tirando seu cortejo fúnebre) mostra o quão a torcida “comum” era apaixonada pelo seu ídolo. “Ele abandonou, então foda-se o resto. Não me interessa quem vai vencer...”.
Barrichello tentou entrar no coração deste povo todo de forma forçada, dando declarações que iludiram muito o torcedor comum e prometeu coisas das quais não cumpriu.  Virou motivo de chacota, mesmo sendo um piloto que venceu corridas, fez poles e em algumas ocasiões, bateu Schumacher na pista. Ok, foram raras estas vezes, mas aconteceu. Enquanto Barrichello prometia e não cumpria , Massa passava totalmente despercebido do povão, correndo pela mediana equipe Sauber. Tomou um bilhete azul no final de 2002 e ficou um ano (2003) como test driver rosso, voltando como titular no ano seguinte na mesma Sauber que o dispensara (por exigência da Ferrari que fornecia seus motores) para em 2006, ocupar a vaga “abandonada” por Rubens. Muitos acreditavam que era um contrato “tampão”, pois ninguém sabia se Schumacher pararia ou não e muita gente já dava como certa a ida de Kimi Haikkonen para a Ferrari em 2007. Tempos depois, soube que a Ferrari o preparava para assumir quando Schumacão ou Barrichello estivessem fora. Foi o que aconteceu.


 Em seu ano de estréia na equipe, venceu duas provas, uma delas em Interlagos e mostrou que era do time dos que sabiam. Ano passado, de favorito ao título, ficou apenas em quarto e ainda teve que ceder mais uma vitória em sua casa para ajudar Kimi e sua equipe. Meio frustrante. Este ano, começou mal, mas se recuperou e teve uma briga de foice com Lewis Hamilton, com a final mais absurda de todos os tempos. Soma-se isto a (principalmente) sua postura pré e pós corrida, além de um grande carisma, arrisco a dizer que muitas das pessoas que acompanhavam apenas o Ayrton e outros torcedores comuns nos idos dos anos 90, passaram a ter olhos para Felipe.  Vi comentários after decisão das mais diferentes pessoas. Mulheres que ficaram com pena dele chorando ainda no carro, homens que elogiaram a atuação do “moleque” e que ele é “muito melhor que o Pé-de-Chinello” e por ai vai. Se por um lado, nós  torcedores um pouquinho mais entendidos não suportamos comentários destes comuns (apelidados de torcedores de padaria), por outro a procura pelo produto Fórmula 1 vai ser muito maior, devido justamente a popularidade e o carisma de Massa. Ele não faz promessas, não fica chorando pelos cantos e nem dizendo que é apenas um “brasileirinho”.  Podemos ter ai um “push” para o crescimento do automobilismo nacional, atraindo patrocinadores, novas categorias, público...


Podemos estar entrando novamente numa fase que poucos conheceram, principalmente a moçadinha mais jovem: a de termos todo ano pelo menos um brasileiro disputando verdadeiramente por vitórias e por títulos na Fórmula 1. E isto é um fato que Felipe indiretamente, fazendo seu trabalho diretinho, conquistou. Vamos esperar para ver...


 

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um domingo de arrepiar




Foi de arrepiar...


 


Eu, além de simplesmente ser apaixonado por este troço que é corrida de carrinhos em círculos, vi a deste último domingo com uma mistura de sentimentos. O  torcedor e o amante do esporte se misturaram de uma maneira que nem sei no que deu. Claro que eu torci pelo Felipe, mesmo sabendo  de sua missão quase impossível de ser campeão em casa. Claro que torci contra este monstro chamando Lewis Hamilton, pois apesar de reconhecer nele um pilotaço, não tenho empatia por ele e, enfim... Se for resumir a história, vi muito mais como torcedor mesmo,  e se em casa eu quase enfartei, eu imagino quem esteve em nosso sagrado templo de Interlagos. O que era impossível, quase vira realidade nas mãos do “mais brasileiro que nunca” Sebastian Vettel. Estava sentado no sofá e fiquei de joelhos na frente da TV após o talentoso alemão ultrapassar o monstro faltando três voltas para acabar. Era o suficiente para Interlagos vir abaixo, mas a chuva aumentou justo onde não “poderia” e no momento errado, na última volta. O coitado do Glock mal parava na pista e a pouco menos de 700 metros da linha de chegada, Lewis recupera seu cetro, cala Interlagos e deixa o mundo de cabelos em pé. Nunca tive um sentimento tão misturados ao assistir um evento esportivo. Não senti isto nem  no final da Copa de 1994, quando Baggio bateu um pênalti que deve estar na órbita terrestre até hoje. Pole (nos últimos três anos), vitória e volta mais rápida. Felipe mostra de forma absoluta e arrasadora em casa, ele manda. Mas deve ter sido a vitória mais broxante de toda história de F1...


 


Felipe venceu, mas não levou. Lewis não passou perto da vitória, mas levou para casa o título de mais jovem campeão da história da Fórmula 1. Se por um lado, Lewis apenas provou para seus incrédulos que é um fora de série, Massa mostra que finalmente um brasileiro volta a ser protagonista da categoria e seu choro misturado com satisfação de vencer frente sua torcida, batendo no peito e mostrando que o que faz é por sentimento de verdade, arrebatou muitos fãs pelo país a fora, que parou para ver aqueles carrinhos coloridos correndo em círculos...


 


Parabéns Lewis! Título mais que merecido!


 


Valeu Felipe! Você hoje se torna referência como um novo ídolo realmente. Não pelas palavras do Galvão Bueno, mas pela reação do povo no day after (mas depois eu conto aqui)...


 


É isto!


 


Boa semana a todos!