quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Recordar é viver - O Encontro (parte final)

(Se um dia eu pudesse ver...)

Nota do escriba: minha idéia sempre foi fazer uma grande história entre David e Giovanna (aliás, a descrição de Giovanna foi inspirada em uma pessoa real que conhecí naquela época... Não, não falo quem foi!), mas como fiquei sem tempo, meio que perdeu o sentido. Mas mesmo assim, acho que ficou legal, pois vocês podem imaginar o que poderia ter acontecido com estes dois...

Bom, segue a parte final de "O encontro".

O Encontro...(Final)

-“Malditas invenções!” - praguejava o velho – “Odeio estas coisas! Viagra, Internet, veio só para perturbar a vida dos velhos!”, reclamava em voz alta. Por quê? Bom, pelos pensamentos do agora velho Sr. David, o Viagra despertava prazeres que, com sua idade, só poderia ter em troca de pequenas fortunas pagas a mocinhas corajosas. Usar um comprimido destes com a prima Susie (com a qual ele casara para herdar a importadora do tio) era impossível. Ela se tornara uma velha inglesa feia, gorda e chata. E a Internet por permitir que ele fosse atingido em cheio e abatido como seu pai em batalha, por aquela mensagem curta e chocante:

“- David? O da moto Vincent? Só pode haver um! Sou eu! A Giovanna, lembra de mim?”

Leu e releu aquele e-mail tantas vezes que perdera a conta. Como não se lembrar se jamais a esqueceu? Desde que ele buscou o dinheiro para o seu tio, na casa dos italianos, ela se tornara a mulher de sua vida! Foram muitas e muitas garrafas bebidas de uísque para esquecer o que aconteceu. Na verdade, várias décadas rodando com várias motos pela cidade de São Paulo. Ficou conhecido como “O Inglês”, que sempre tinha motos caras e as trocava de ano em ano (sempre inglesas, claro!), fazendo o impossível para importá-las numa época que a mesma era proibida pelas leis vigentes no pais.

Foram tantas viagens, tantas motos, tantas mulheres... Ah, vocês devem estar perguntando “Mas, e aquela moto do encontro deles, a.. Como chama mesmo? Vincent, não é isto?”. Bem amigo... Esta moto ficara guardada em sua casa, num lugar especial de seu escritório onde ninguém mais podia entrar. Nunca mais rodara. Curtia seus momentos de solidão ao lado daquela máquina responsável pelo encontro que marcou sua vida e seu coração, sempre pensando em sua Giovanna!

"-E como assim do nada, ela aparece?"

Tinha sido apenas uma noite, isto mesmo, uma noite, da qual ele se lembra de cada detalhe... Gestos... Gostos... Cheiros.

“-Como me lembrar, se nunca a esqueci?”

Como ela estaria agora, melhor nem pensar. Sua Vincent continuava a mesma, igualzinha dos anos 50. Em todos estes anos, Giovanna nunca mudou em sua memória. Aqueles olhos azuis, aquele sorriso encantador, aquele jeito de menina adorável com ar de mulher... Encantadora! Esta imagem sempre emoldurava seus pensamentos todos os dias quando ia dormir ou quando acordava. Durante estes anos todos, não importando de quem eram os braços femininos que o abraçavam, sempre ele pensava em Giovanna...

Preferiu assim: um gole de uísque, mais outro... E mais outro para tomar coragem, usando sua mão canhota e já franzida, ainda com aquela maldita dor que nunca o abandonou fustigando-lhe as juntas, apertou a tecla delete... Pronto... Poderia viver de novo em paz o momento mágico daquele sorriso inesquecível, do azul daquele olhar... Sem culpa, sem esperança...

“- Malditas invenções...” praguejava novamente o velho enquanto cobria sua moto, fechava a porta de seu escritório e ia caminhando em direção a saída...

Fim...


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